Esta ano, pela primeira vez, a consoada de Natal foi em minha casa. Este é também, enorme coincidencia, o primeiro ano em que eu tenho, de facto, uma casa.
Ter de "fazer" o Natal mudou por completo a imagem do Natal que eu tinha desde miúdo. Desde de criança que a minha mãe me habituou a ajudar. Graças a isso, sou hoje um prendado companheiro que não se furta às crueis tarefas do quotidiano. E a palavra chave é ajudar. Até este ano, eu sempre questionei as razões para a minha mãe estar sempre mal humorada e cansada na véspera de Natal. Depois deste ano, eu questiono as razões para a minha mãe não se ter tornado uma fundamentalista Islâmica de cada vez que um Natal se aproximava.
Neste Natal, fiquei fã, indiscutivel, da arte de ajudar. Eu sempre ajudei no natal, e sempre detestei ter de ajudar, claro. Para mim, quando miúdo, ajudar era uma arte vil de exploração do trabalho infantil, e por muitas vezes ameacei os meus país com uma denuncia à comissão de protecção de menores, palavras minhas aos 3 anos de idade, pela forma vil com que alguns 10 minutos semanais da minha infancia eram perdidos com trabalhos, leia-se "ajuda" forçada. Nunca percebi como era possivel eu ser obrigado a ajudar. A ajuda deve ser uma coisa voluntária. Eu hoje ajudo quem precisa, na minha opinião ninguém precisa, porque quero, ninguém me pode obrigar a fazê-lo. Quando eu era criança eu era forçado, explorado, a ajudar, era a completa inversão de sentido. Mas este Natal mudou a forma como eu vejo a arte de ajudar. Desde à 3 dias que ajudar é para mim a coisa mais bonita do mundo. Eu, a partir de hoje, quero viver a ajudar as pessoas. Qualquer pessoa, qualquer coisa, eu quero é ajudar. Nunca mais quero é ser eu a fazer, participar. Quem ajuda não participa, só ajuda. E quando falamos no Natal, eu prefiro passar, de novo, a ajudar.
É pá, então tu também participaste na construção daquele presépio vivo em que o pessoal esteve ali quase 5 horas vestido como palhaços e a rapar um frio dos diabos na noite de Natal!?
Eu?! Eu não pá, és maluco ou quê?! eu só ajudei....
Ajudar é uma coisa linda. Daqui para a frente eu só quero ajudar. No próximo Natal, quero ir para casa de alguém, chegar lá uma hora antes da hora de jantar e, com o ar mais solicito e encantador, dizer: Olá, já cá estou, vim mais cedo para dar uma ajuda!
Até posso chegar duas horas antes, desde que vá só para ajudar. Eu não estou a criticar quem chega tarde ou muito à hora, nem pensar, qualquer convidado, nem que chegue de manhã, irá sempre só ajudar, e ajudar é sempre um encanto.
Vou ajudar, a sério que sim, espalhar ajuda pelo mundo. Ajudar a empresa em que trabalho a crescer. Ajudar a que o nosso país saia da recessão. Ajudar a minha mãe a fazer o almoço aos domingos. Ajudar a minha mulher a limpar a casa (desde que tenha algum tempo livre). Quando a Marta tiver de ir para o hospital para ter um filho, eu estarei lá para ajudar (lá, na sala de espera). Vou ajudar a trocar as fraldas e a dar banho (posso segurar nos alfinetes ou no champoo. Vou ajudar o meu irmão na faculdade, o meu pai no trabalho e os meus avós na hora da cesta (aqui poderei ser especialmente generoso). Agora fazer, isso não faço mais nada. Nunca mais faço o almoço nem o jantar, nunca mais faço a cama e, muito importante, nunca mais faço nada.
Só vou abrir a excepção para fazer filhos, e até isto é com o intuito de depois poder ajudar na sua educação...
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
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1 comentário:
Bem, depois destas deliciosas palavras, resta-me dizer que também farei um esforço por tentar ajudar (especialmente na parte de não deixar nada nas travessas...).
E quanto à parte dos filhos... cá ficamos à espera de novidades... para ver se a participação, ou ajuda, ou lá como queiras chamar, é eficaz ou não passa da fase de estágio (na qual ainda me encontro...)
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