Algumas semanas atrás, Nuno Markl deu a conhecer, no seu belo programa Há vida em Markl, a criação de um novo canal de alemão dedicado aos negócios da morte. Uma espécie de canal necrologia, onde os parentes dos defuntos podem colocar os obituários dos seus entes queridos, em alternativa às monocromáticas e sem graça páginas de jornal. Segundo Markl (soa quase bíblico), esta é uma forma de a cadeia de televisão responsável pelo canal lutar contra o monopólio da imprensa escrita nesta temática. Fiquei a meditar o assunto, e conclui que isto já não é novidade. Bem vistas as coisas, há muito tempo que a televisão concorre directamente com a imprensa escrita. Basta pensar nos canais de noticias nacionais. Estes canais iniciam a sua emissão de manhã, com noticias frescas criadas por uma equipa que se encontra a trabalhar desde bem cedo, e passam o restante dia com serviços noticiosos hora-a-hora onde se limitam a repetir as mesmas peças com que nos levantaram da cama. Pouco mais de novo aparece. Isto é, no fundo, o mesmo que comprar o jornal de manhã bem cedo e, após uma primeira leitura, re-ler as noticias vezes sem conta ao longo do dia, até se conhecer, palavra a palavra e imagem a imagem, todas as páginas de um jornal.
Aliás, os jornais televisivos vão ainda um pouco mais longe, conseguindo por vezes que as mesmas peças passem um ou mais dias seguidos, manobra de afirmação jornalística que até hoje nenhuma imprensa escrita alvejou tentar.
Bem vistas as coisas, e numa análise totalmente imparcial, este método não é mais do que uma manobra de auto-afirmação, pois a capacidade de repetir inúmeras vezes as mesmas noticias demonstra a confiança que as redacções demonstram nos conteúdos informativos que emitem, algo que a imprensa escrita não pode experimentar pois o papel é bem mais fácil de rasgar e com menor prejuízo quando comparado com partir um monitor de televisão.
E ainda há quem proteste por ao chegar à sala de espera do hospital a televisão estar sempre ligada na Fátima Lopes ou na praça da alegria...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
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